✸ 7 a cada 7 (22-28 de abril)
quando me propus a fazer uma seção semanal, esqueci que eu sou uma pessoa que, de vez enquando, tem uma crise depressiva. mas vamo lá,
Eu gosto muito dos subgêneros de filmes. Eu não quero assistir um “thriller”, quero assistir um filme onde uma gay trambiqueira cometa crimes. Eu não quero um “romance”, quero um filme cujo enredo se resolveria bem caso as suas personagens assumissem a possibilidade de viver num trisal. Dito isso, ontem eu separei um tempo do meu domingo pra organizar duas listas no meu letterboxd: gays trambiqueiras e trisal é bom pra dividir o aluguel.
Estou aceitando sugestões de filmes e sou bem generosa nos meus requisitos, então topo subtextos queer ou trisais onde a terceira pessoa é uma entidade demoníaca, por exemplo. Basta argumentar um pouquinho.
Quattro Strade, o curta documental que a Alice Rohrwacher (a diretora de La Chimera e Lazzaro Felice) fez durante a pandemia na zona rural da Itália entrevistando seus vizinhos com uma câmera velha e filme vencido.
Talvez nessa seção semanal eu acabe repetindo alguns assuntos e aprofundando neles porque os interesses duram mais do que 7 dias. Semana passada eu consegui finalmente escolher, comprar e receber os primeiros rolos de filme fotográfico pra testar na câmera nova e escolhi pelo Aerocolor. Ele é um filme que foi originalmente projetado para fotográfia aérea (militar e de órgãos governamentais) e é vendido num rolo gigante. Aí alguns lugares compram esse rolo, cortam e reembalam pra 36 poses. O que eu comprei é o do Garimpo Analógico aqui no Brasil mas também há reembalagens dele na França (X Film Washi), Canadá (Luminaire 100, Elektra 100), Rússia, Ucrânia, EUA (Santacolor), Armênia (Karmir 160).
Na mesma semana que eu estava pedindo Um Sinal pro universo/deus/acaso pra tomar uma decisão importante, coincidentemente resolvi ver o filme Sinais (2002) do M. Night Shyamalan (a justificativa: li essa review e chorei). O filme conta a história de um ex-pastor viúvo (Mel Gibson) que mora com dois filhos pequenos e seu irmão (Joaquim Phoenix) numa região rural da Pensilvânia. Até que certo dia aparecem estranhos símbolos na plantação.
Em dado momento do filme, uma gravação caseira de uma aparição extraterrestre é transmitida no jornal da TV. A jornalista nos diz que ela foi feita em Passo Fundo (Brasil) numa festa infantil. Na gravação, o câmera filma o quintal de uma residência pela janela, estando ele do lado de dentro da casa. Crianças ao redor da câmera gritam. Uma delas diz, em um claro português de Portugal: “tá atrás da garagem, tá atrás dali!” e emenda em sequência um inglês perfeito “it’s behind!” Fosse o contrário, uma criança portuguesa usando o sotaque de Lucas Neto, seria mais compreensível. Mas tudo bem.
Obviamente que essa inesperada menção brasileira me fez pausar o filme imediatamente e pesquisar agroglifos no Brasil. Descobri, por exemplo, que Ipuaçu (SC) é a capital dos símbolos em plantações. As duas possibilidades me divertem: a de jovens entediados no interior de Santa Catarina que pegam uma tábua e corda pra fazer símbolos esquisitos e atrair atenção pra pacata cidade; a de que jovens extraterrestres entediados no interior de Kepler-186f, pegam uma nave pra fazer uns desenhos nas plantações de Ipuaçu de vez enquando, uma forma de pixação intergalática. Mas nem nos meus delírios mais doidos eu conseguiria imaginar que uma das possibilidades seria o DJ Alok:Entrou Sex and the City na Netflix e eu comecei a assistir desde o primeiro episódio. A ideia é seguir a ordem Sex and the City > Girls > The Bold Type. Tudo pra aguardar a série que a HBO encomendou pra Rachel Sennott (Bottoms, Bodies Bodies Bodies), porque sinto pela sinopse que deve beber da mesma água.
Óbvio que já assisti todas essas séries mas nunca inteirinhas do começo ao fim. Sex and the City, por exemplo, só via no Multishow uns episódios soltos. Naquela época eu não estava na faixa etária dessa programação então nunca conseguiria manter a regularidade. As outras duas só bateu preguiça. Não tanto das séries, mas sim dos fãs. Só que agora eu tenho revisitado isso com uma perspectiva curiosa de como foi essa construção midiática do que é ser “uma mulher jovem e moderna americana”.
E o que é escrever uma newsletter, se não agir exatamente como Carrie Bradshaw? Sentar na frente do notebook com uma narração em off dentro da minha cabeça tentando racionalizar os temas que acontecem na minha vida.
Meu amigo pessoal André Caniato me apresentou um letterboxd pra jogos, o backloggd e eu tô muito animada pra começar a usar (não jogo nada faz 6 meses).
Tá terminando o prazo pra colaborar pra HQ Arreda!, uma iniciativa do Selo Copo Sujo composta por artistas negros de Belo Horizonte retratando as vivências na capital mineira.
Além de comentar no post dessa newsletter, você sempre pode responder o e-mail e falar comigo! Eu demoro um pouco pra responder (“I hope this email finds you well”, uhh this email found me four days later naked in my room google searching hilarious cat memes) mas sempre aprecio respostas então mandem sim.
Caso você não queira receber os e-mails dessa seção ou de qualquer outra, só acessar a home da newsletter, clicar no seu avatarzinho e Gerir subscrição. Lá você consegue marcar quais seções quer receber e-mail ou não (pode ignorar chat porque nunca farei uso de um grupão de zap, deus me livre).
Até semana que vem!
EU AMEI TANTO ESSE FORMATO AMO TUA CURADORIA PRA TUDO
joanna por favor se possível elabore pq velozes e furiosos 2 está na sua lista de gays trambiqueiros. quem é o gay. pq os outros velozes e furiosos não estão na lista. grata uma gay que ama velozes e furiosos