✸ 7 a cada 7 (15-21 de abril)
era pra ser uma seção curtinha mas eu escrevo demais
Fui atormentada pela informação de que Justin Kuritzkes, roteirista de Challengers, é casado com Celine Song, diretora e roteirista de Past Lives. Casais de artistas já me intrigam; casais que estão produzindo cada um sua obra sem colaboração direta do outro mas falam do mesmo tema me deixam completamente obcecada. Nesse caso, ambos os filmes tratam de triângulos amorosos.
Aí que eu achava que já sabia o suficiente sobre Celine Song, desde a peça de Chekhov que ela streamou pelo Twitch usando The Sims 4 até como foi a concepção de Past Lifes. No famoso bar Please Don’t Tell em Manhattan, ela se sentou com dois homens — seu amor de infância um engenheiro coreano e seu marido escritor norte-americano branco. Enquanto traduzia as falas de um pra outro, ela percebeu o olhar dos funcionários no bar que se perguntavam: quem é o marido? ele está com ciúmes? E sentiu que qualquer resposta rápida à pergunta de ‘o que eles são um pro outro?’ faltaria com a profundidade da verdade. Ela disse que pensou “vocês querem mesmo saber toda essa história?” e aí fez Past Lives.
Mas eu não estava ciente do potencial do marido dela até semana passada.
Foi quando eu esbarrei com a fala de Justin a Variety na estreia de Challengers:
"What's true about a love triangle is that every love triangle is by its nature queer... Whether you intend to be or not, you're in an intimate relationship with two other people." (trad. minha: “O que é real sobre um triângulo amoroso é que todo triângulo amoroso é, por natureza, queer... Quer você queira ou não, você está em um relacionamento íntimo com outras duas pessoas.”
Uau, sabe. Eu ainda queria escrever umas 50 linhas sobre como toda relação de 2 artistas é um triângulo amoroso com a Arte, mas tenho que me segurar aqui. Deixo vocês com essa bela canção de Kuritzkes, que vai agradar especialmente fãs de Daft Punk e Bo Burnham:
Vocês já conhecem a webcomic Quinto dos Infernos do ilustrador Vinicius Vinhal (@vvinhal)? Eu fiquei particularmente interessada quando vi uns extras que ele fez mostrando a construção do universo e personagens. Por exemplo, aqui ele provavelmente tá bebendo da concepção dos nove círculos do inferno que Dante escreve em A Divina Comédia:
A construção dos personagens e as temáticas da história também me lembram dois animes/mangás que gosto muito: Dorohedoro e Dungeon Meshi.
Animada pra ler como Lucinha Ladebaixo vai se livrar do Príncipe Belzebu em Quinto dos Infernos, leia você também!
Um artista filipino fez uma thread no Twitter (nunca chamarei de X) falando sobre a culpa que o acomete toda vez que se prepara pra alguma feira porque não quer usar recursos e materiais pra materializar ideias que ele não sinta sejam realmente fascinantes e inteligentes. Ele vai elaborando esse fio de pensamento, que mistura filipino com inglês, especificando que isso acontece mais com produtos com adesivos do que pinturas; que entende que corporações estragam bem mais o meio ambiente do que artistas independentes; mas está falando dos próprios sentimentos a respeito das coisas que pretende jogar no mundo. Nessa reta final da preparação para as feiras esse fio veio de encontro a uma preocupação minha, de que eu imprima as coisas de maneira intencional e muito consciente e não simplesmente para encher uma mesa.
Depois de todos os jogos diários do The New York Times, Wordle, Conexo, agora eu conheci o Foodguessr. Eles escolhem três pratos da culinária mundial, nos mostram foto e ingredientes e a gente precisa acertar o país. A cada erro, liberam mais uma foto, descrição do preparo e nome. Confesso que eu achei que seria mais difícil. Na verdade, fico feliz em perceber como tem sido fácil pra alguém que não sabe cozinhar bem na prática se dar tão bem na teoria.
Ouvindo Lola Young em níveis preocupantes.
Como se eu já não fosse pobre o suficiente, decidi que vou voltar a brincar de fotografia analógica. Resgatei as câmeras que tinha largado há muitos anos na casa da minha mãe, peguei o scanner, comprei filme e estou pronta pra caçar luzes. E claro, como alguém que genuinamente detesta o instagram, criei simplesmente a minha quarta conta lá: @joannalogica

Amei o trabalho da Anna Fusco, que eu só conheci essa última semana, mas sinto que devia ter conhecido há anos:


Caso você não queira receber os e-mails dessa seção ou de qualquer outra, só acessar a home da newsletter, clicar no seu avatarzinho e Gerir subscrição. Lá você consegue marcar quais seções quer receber e-mail ou não (pode ignorar chat porque nunca farei uso de um grupão de zap, deus me livre).
Até semana que vem!
AMEI DEMAIS NAO CONHECIA NADA
essa da Anna Fusco, hein 🥹 VRA